O fígado inflama,
o estômago contrai,
nem vomitando sai.
Como num filme antigo,
seu tom monocromático,
se espalha em minhas entranhas.
Veneno de dentro pra fora,
demônio-serpente,
semente que se aninha e germina
no vão do falar e não falar,
na forquilha do pensar e não agir.
Suco de meus próprios órgãos,
viscosa não se dilui,
embassa a vista,
tira o gosto da língua,
retira a força restante.
Bile negra,
quero expelir-te de mim,
mas o petróleo de sua essência,
brota dentro de algum lugar,
entre meu baço e os rins.