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Os significados atuais de “esquerda x direita” servem apenas para atravancar a verdadeira discussão política. De uma política que aborde aquilo que realmente interessa e impacta a vida das pessoas. Hoje muitos colocam a “direita e esquerda” como duas formas diferentes de alcançar a mesma coisa, que seria o “bem comum”.

Além disso, esse discurso tenta criar uma falsa noção de divisão da sociedade. Uma divisão 50% / 50%. Mas isso não é verdade. O Brasil sempre foi um país dividido, mas essa divisão divide dois grupos de proporções bem diferentes.

Não existe “esquerda e direita”, existem aqueles que estão em cima e os que estão embaixo da pirâmide social. O primeiro grupo é composto por 5% da população e concentra a mesma renda que o segundo grupo, com 95% da população brasileira.  Isso significa que o Brasil possui a maior concentração de renda do mundo. Um país onde as 6 pessoas mais ricas concentram a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres (a totalidade da população brasileira é de 207,7 milhões).

Quando analisamos o resultado de uma eleição dividida, como em 2014 e como agora se define em 2018, a partir da realidade brasileira, não vemos uma divisão igual, o que se evidencia é a própria desigualdade. É exatamente o poder dessa desigualdade que nos permite entender como um grupo tão pequeno (5%) pode conseguir convencer cerca de 40% das pessoas a apoiar seus candidatos (e visão de mundo, economia, família, educação, etc) e outros cerca de 10 a 20% de pessoas a ficarem “em cima do muro”.

Embora muitos estejam desanimados com a “onda” reacionária, eu me sinto muito otimista ao ver milhares de pessoas resistindo e defendendo pautas que mal existiam no Brasil da década de 90. Eles são 5%, mas possuem o poder de 100 milhões. Eles têm as instituições, a mídia de massa, o capital e o orgulho inabalável de ser elite. Mas o povo resiste, apenas com ensino médio, com o emprego informal, com medo de perder o bolsa família, com o candidato preso, com o título eleitoral cancelado, com fake news na internet e nas grandes revistas, votando naquele candidato que representa sua classe (quando não é pressionado pelo medo ou pelo patrão).

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